Red Hot Chili Peppers: novo álbum evidencia química do quarteto, mas não empolga

Red Hot Chili Peppers retorna com formação clássica em novo álbum
 

Red Hot Chili Peppers

Unlimited Love
⭐⭐✰✰✰ 2/5

Por  Zeone Martins 


E saiu Unlimited Love (2022, Warner), novo disco do Red Hot Chili Peppers. Empolga? Menos do que poderia. 


A volta do guitarrista John Frusciante, de tantos trabalhos do grupo, levou muitos fãs ao delírio. E, de fato, a química entre Flea, o batera Chad Smith e Anthony Kiedis com o turbulento guitarrista é fora de série. Mas, ainda assim, não foi o bastante pra trazer um disco no mesmo no nível do entrosamento dos quatro.


A primeira volta do nova-iorquino, em Californication (1999) fez um sucesso que nos padrões atuais é inimaginável: o quarteto era inevitável nas rádios, na MTV, em qualquer programa de música e até sua avó poderia cantarolar os singles do grupo. Só que alí também veio um problema sério: poucas vezes os trabalhos seguintes saíram da fórmula de Californication, By The Way (2002) em especial. 


E aqui, em Unlimited Love, o grupo não sai da caixinha, ainda que tenha seus bons momentos. Acontece muito do repertório passar batido, mas muito mesmo. Estrofes pouco inspiradas, refrãos que não puxam a sua atenção, é pouco pra habilidade e experiência do grupo. Muitas vezes   as canções desembocam em, sem exagero, um PUTA instrumental, que por pouco não dão um ânimo ao disco. E mesmo com a musicalidade em dia, e todo mundo em ótima forma, muito fica encoberto em ideias que não empolgam, falta vigor ao novo trabalho.


Daí, você pode perguntar se o problema são os vocais de Anthony Kiedis. E não é o caso. Um bom exemplo é "Let'em Cry", em que a voz é embalada numa levada inspirada e fora do óbvio, dando sinais que o disco podia ser mais vivido, mais interessante. Em outro lado, se "Here Ever After" abrisse o disco em vez de "Black Summer", poderia haver um impacto maior, mas de novo, ficam devendo.


Pra curtir o novo trabalho por completo, só sendo muito fã de Red Hot Chili Peppers, em especial do final dos anos 90. E o grupo é capaz de muito mais do que só 'falar aos convertidos'. Ainda que bem gravado, muito bem produzido e a bateria muito mais solta do que em momentos mais recentes do quarteto, é pouco.


Entre a rifferama ao final de "These Are The Ways", a paixão do grupo pelo trabalho de Stevie Wonder, evidente em "She's a Lover", bons momentos aqui e alí, como em "The Great Apes" e outras outros destaques mais próximos ao final da tracklist, não se justifica 17 faixas. Não é o pior álbum de todos os tempos, mas fica difícil se envolver por muito do que acontece aqui.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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